HMSJB Poxoréu

Padre Pedro

Por que relembrar?

Por que reencontrar a
memória, relembrar do
passado?
Por viver melhor o presente e
projetar o futuro.
Elie Wiesel, premio Nobel por
a paz, diz que
“relembrar” quer dizer “fazer
reviver um passado,
iluminar as pessoas de luz
branca e preta,
dizer não a areia que cobre as
palavras,
dizer não ao oblío, a morte”.
“Fazer memória”, no sentido
bíblico,
significa reativar emoções e
ideais vividos,
ressuscitar pessoas e
acontecimentos, abraçar de
novo a vida amada.
No entanto “a perdia da
memória”
é índice de envelhecimento
corrosivo,
ou de recuso da própria
história; é negação da vida.
E a memória faz nos
reencontrar um homem
encontrado
no Mato Grosso Brasileiro
Padre Pedro, que hoje voltou
entre nos,
para completar os seus 80 anos
de vida plenamente humana
e os 50 de vida como padre
missionário salesiano.

Os teus amigos. (Junho 2004)

Cronologia de Oitentas anos

1924 Pietro Melesi nasce a Cortenova (Como) nos 13 de novembro da Liduina Selva e da Efrem Melesi. Nos 16 de novembro no domingo, è batizado na paróquia dos Santos Gervasio e Protasio em Cortenova, para don Paolo Crippa.

1926 Aos 20 de Junho nasce Angela, a primeira irmãzinha.

1927 Começa a frequentar a escola materna.

1929 Aos 20 de Fevereiro nasce Margherita, a segunda irmã.

1930 – 1935 Freqüenta a escola primaria a Cortenova. No mesmo ano faz a primeira Santa Comunhão.

1931 Aos 25 de Agosto recebe da S. E. Cardinal I Schuster a Santa Crisma.

1932 Nasce Luigi o primeiro irmão. “Nunca vi um menino tão contente como Pietro por o nascimento de um irmãozinho!” assim lembrava a mãe.

1936 Aos 14 anos começa a trabalhar como carpinteiro a Fusinetta: dois anos de experiência em oficina.

1937 Laço rosa e azul por o nascimento de Tarcisa e Giuseppe, gêmeos. Morarão depois de pouco mais de um ano de broncopneumonia.

1938 Volta do Brasil o tio Mons. Giuseppe Selva, nomeado e consagrado bispo do Araguaia com sede in Guiratinga (MT).

1939 – 1942 Entra no Instituto Salesiano de Ivrea e frequenta o segundo grau.

1939 Começa a Segunda Guerra mundial.

1942 Nasce Tarcisia a ultima irmãzinha.

1943 A Novi Ligure entra noviço na Sociedade Salesiana. A mãe internada no hospital de Bellano, gravemente doente, compartilha a escolha de Piero e deixa por escrito: “Faça o que o Senhor quer de você”.

1944 – 1947 No internado di Fogliazzo frequenta o liceu e consegue a licença a plenos votos.

1945 8 de agosto termina a Segunda Guerra Mundial.

1947 È enviado na casa salesiana de Penango em qualidade de assistente.

1948 – 1950 A Chieri –a Moglia è enviado como assistente dos noviços.

1950 – 1954 Perto o P.A.S. da Crocetta de Torino frequenta a Faculdade de Teologia conseguindo o diploma em sagrada Teologia. No mesmo tempo è animador- educador no oratório da Crocetta. No verão leva os rapazes a Gressonay onde em1954 junto com Don Angelo Girola, compra, com poucas liras, a St. Jacque duas Cascine que serão o atual albergue.

1954 No primeiro de Julho, Ano Mariano, è ordenado sacerdote pelo S. E. Cardeal Maurílio Fossati Arcebispo de Torino na Basílica de Maria Auxiliadora. No domingo sucessivo celebra a sua primeira Santa Missa a Cortenova, com a homília de Don Ivo Paltrieri. Pio XII proclama santo Domingo Savio.

1955 Aos 12 de Janeiro parte como missionário para o Brasil. Vai a Araçatuba como catequista e professor.

1957 – 1964 É mandado a Campo Grande como administrador - ecônomo do grande colégio salesiano. Participa da fundação da Universidade Salesiana junto com don Félix Zavattaro e Angelo Jayme Venturelli.

1964 Pede de ser mandado em missão “aonde nenhum padre que ir”. POXOREO será a sua nova missão, primeiro como vice-paroco ao lado de P. João Dourure, depois com pároco.

1965 Volta na Itália pela primeira vez depois de 10 anos. O recebe a sua família e a comunidade salesiana de Arese centro de reeducação.

1966 Ainda de navio volta para o Brasil – Mato Grosso. Na sua despedida Don Ugo, Don Luigi e Don Bruno o saúdam dizendo-lhe; “Vamos visitá-lo ... ajudar-te!” Nos dias seguintes nasce a OMG (Operação Mato Grosso).
A Setembro morre o pai Efrem.

1967 Primeira expedição Operação Mato Grosso. A Poxoreo se constrói o primeira Escola para duzentos meninos.

1968 Segunda expedição: a Paraiso é edificada a escola e a Poxoreo a casa da Amizade. Ente os jovens voluntários esta a irmã Margherita, enfermeira.

1970 Quarta expedição nasce o Centro Juvenil Don Bosco: na direção de Armando Catrana, mestre salesiano.

1972 Attilio e Noemi Giordani partem da Milano, paróquia Sant´ Agostino, para Poxoreo.

Aos 18 de Dezembro, a Campo Grande morre Attilio aos 59 anos. Tarcisia vá a Poxoreo como enfermeira e assistente social por 6 meses.

1976 Também a mãe Liduina parte para o Brasil. Fica com Padre Pedro por um ano.

Terá sempre grande “saudades” por o Brasil e por os brasileiros.

1980 A Diocese de Guiratinga, a pedido da população de Poxoreo, entrega o Hospital.

1982 Morre a irmã Margherita. No suo testamento escreveu: “Dei-me um enterro pobre. O dinheiro correspondente a um enterro rico, manda-lo a Padre Pedro pelo Hospital”.

1985 Volta a Itália para reencontrar os seus amigos.

1990 Aos 10de Junho morre mãe Liduina. “Ate logo no Paraíso” disse- lhe saudando-o alguns meses antes.

1992 Esta sendo construída a segunda igreja de Jarudore dedicada a São Francisco de Assis.

1995 Esta na Itália. Visita a missão no Iran.

2000 Volta a Itália por o Ano Santo junto com a Irmã Ângela que cuidará de Tarcisia gravemente doente, por graça recebida sarará. 20 Junho os amigos de Poxoreo festejem Padre Pedro na Itália.

01 Julho. Quinquagésimo aniversario da sua ordenação sacerdotal.

Destinação Brasil

Cento milhões de habitantes. Um universo de rostos, nato da o encontro de povos e raças, dentro uma natureza maravilhosa.

O Superior Geral das missões Salesianas, Dom Bellino, aceita o pedido de Don Piero (assim era chamado na Itália), que pedia de ir em missão no Brasil, no estado do Mato Grosso. È um dos 24 estados que formam a Confederação do Brasil, um território vasto quanto a Europa, habitado da um só e único povo que falava uma única língua, o Brasileiro (português revivido). Vi chegaram pela primeira vez os marinheiros portugueses aos 22 de Abril do1500. Don Piero chega Santos aos 25 de Janeiro de 1955, depois de ter atravessado o Oceano Atlântico no navio Julio César. Achamos o diário dele enviado a sua família e guardado com muito cuidado pela mãe. Descreve com muitos detalhes a viajem dele começado aos 9 de Janeiro de 1955, em Turim. Aqui alguma pagina.

Torino 9 Janeiro 1955. Celebro a Santa Missa no altar de Don Bosco as 10:45. Está presente a família Invernizzi, a minha querida tia Irmã Caterina, os amigos da Crocetta. Passo a noite conversando com Don Quadrio.

10 Janeiro. Deixo Torino. Levam-me a estação de trem de Porta Nova os meus queridos amigos: Girola, Don Pietro e Motta. Tchau Turim, estou indo embora! A noite chego a Milano para me despedir de Don Ivo Paltrieri. O rio Naviglio estava cheio. Encontrava-se no colégio minha irmã Margherita também.

Milano 11 Janeiro. Celebro a S. Missa para os estudantes, todos os rapazes rezavam por mim. Queria derramar a Graça que estava no altar nas almas deles, mas não queria mudar os arcanos movimentos da Missa. Vou ate o “Duomo” a me despedir também da “ Madonnina” que me esta olhando.

As11: 40 parto para Genoa com minha Senhora Mãe, Dona Liduina (assim se fala no Brasil), o senhor Pároco Don Antonini, don Osvaldo, Margherita e Tarcisia minhas irmãs e o Erbol.

A noite chega Luigi e se come polenta fregia e mortadela. Aleluia! E vinho Aleluia, Aleluia!

12 Janeiro. Maré Alta! Ore 10:00 embarco, celebro a S. Missa no navio. Participa mamãe, as irmãs, Luigi, o S. Pároco, Don Osvaldo, Erbol. As 12 e 6 minutos o navio se afasta lentamente do cais, deixa o porto... Veem-se só os brancos lenços... Tudo desaparece... e enfio tudo no buraco da memória.

25 Janeiro. Levanto-me as 4:00. Celebro a S. Missa e vou ate a ponte de comando para assistir as manobras de aproximação. As 5,00 antes de entrar no canal de Santos mando um telegrama a casa. As 6,30 o navio é atracado. Vidimação dos passaportes, visita médica e se desse. Estamos em outro mundo. Santos è o principal porto de embarque do café. Se respira a inconfundível fragrância do café torrado. O seu aroma se difunde próprio em qualquer lugar.

As 16 se parte para S. Paulo junto com o Com. Carlos De Camillis, que nos ajudou a sair de pressa da alfândega, com a carteira ainda em graça. Se chega a S. Paulo que está completando IX centenário de sua vida. Nos meus baús o fiscal só pos a ponta do nariz.

26 Janeiro. Visitamos a cidade: è um grande magazine com muito movimento. Uma cidade vertiginosa.

27 Janeiro. Vou visitar o Sr. Giovanni Spandri. Falamos em “dialeto”. . . como pela ultima vez a italiana.

30 Janeiro. As 10,00. Com a nossa bagagem em trem para Campo Grande. Se deverá viajar 2 dias e 2 noites.O que vejo da janela?

1° Imensas extensões de terra a perder de olho.

2° Cultivações de café. Existem cerca de 60 variedades que cressem em forma de galhos o de arvores que chegam ate 6 metros de altura. Os grãos de café são torrados ate 30 minutos a 250ºc. No mundo todo se produz das 5 ate 6 milhões de toneladas das quais 30% no Brasil.

3° Bosques e florestas depois do rio Paraná.

4° Nas estações olho os vultos do Brasil. Cada canto deste grande Pais se reflete nos vultos, quase todos jovens. Entendo porque Don Bosco mandou o seus Salesianos.

1 Fevereiro. Horas 10,20. Estamos em Campo Grande. Agradeço Deus que não encontro ninguém que me fale: “está sujo!”. Na tarde vou da minha irmã Angela. Esperava-me nos emocionamos. . . e escrevemos algumas cartas aos desolados pais, que ficaram a Cortenova.

4 Fevereiro. Parto para Araçatuba, não sei o que farei, espero de começar a falar portugues.

5 Fevereiro. Depois um dia e uma noite de viagem as 19,30 estou em Araçatuba. Dos 6 Fevereiro ate 24 Junho. Em Araçatuba, estou bem, começo a falar, dar aula e predicar.

Poxoreo: cidade do rio negro

Foi batizada pelo assim pelos índios Bororos, tribo com uma cultura de grandes valores, porque o rio que atravessa havia “a água escura”. Se encontra no centro do Brasil, no 53º meridiano e o 15º paralelo do hemisfério sul, no Estado de Mato Grosso, a 300km de Cuiabá, a capital do MT, e a 500km de Brasília, a cenográfica capital federal que completara 50 anos no 2005. O município de Poxoreo compreende também Paraíso do Leste, Jarudore, Aparecida, Alto Coité, e muitas fazendas escondidas no mato. Os habitantes superam 50.000, principalmente garimpeiros, mas também vaqueiros, gaúchos, índios e uma vez cangaceiros também. O rosto do garimpeiro é marcado da fadiga, das febres e da paixão dos sonhos de encontrar o diamante mágico, garimpando toneladas de areia. Padre Pedro disse que só dois, a Poxoreo, ficaram ricos, talvez três.

Os outro, muitos, viram os próprios sonhos de riqueza terminar na queimada que devora o mato. A cidade foi fundada no 1926 pelos mineradores corajosos que viam da todas as partes do Brasil, mas também da Europa, Ásia e África. No ’67 chegaram os Italianos, um grupo de jovens com dentro não a febre do ouro, mas um grande sonho: o progresso humano e espiritual de todos os povos. Muitos jovens sentem com vivacidade surpreendente o desejo de sair da isolamento e da um interesse exclusivamente nacional, para ser “cidadão do mundo”, preocupados com a sobrevivência de muitas crianças, dos direitos humanos de todas as famílias, da paz mundial, de uma nova civilização. Este sonho a Poxoreo hoje é realidade.

Vinte e oito corações italianos na selva.

Estudantes, operários, formados deixaram escola e trabalho para se dedicar a “Operação Mato Grosso” – Constroem no Brasil casas, escolas e hospitais por os garimpeiros e os índios que vivem na miséria – Se transformaram em pedreiros também um taxista, um capitão de careira, um artesão e o sobrinho do sovreentendente do “Teatro alla Scala”.

Poxoreo (Brasil), novembro 1967.

Comecei a ter uma ideia mais o menos precisa das condições de vida a Poxoreo, Brasil, onde trabalham os jovens da “Operação Mato Grosso”, quando, duas horas depois da minha chegada, percebi que uma família inteira de baratas se era transferida na minha mala. Pai, mãe e um par de filhotes. “Não presta atenção”, me disse Vittorio Membretti “estes não são perigosos, não são barbeiros”. Vittorio Mambretti é um estudante universitário milanês, 21 anos, terceiro ano de Direito. Os barbeiros são insetos pouco maiores que um besouro, com nas costas listras amarelas e pretas. Vivem no barro seco material que forma a maior parte das casas dos moradores do Mato. Saem só a noite; sobem nas pessoas adormecidas e picam. Um caroço não muito maior que uma picada de mosquito.

Mas no pequeno furo os barbeiros deixam as próprias fezes. Quando se coça por causa do prurido, as fezes entram na circulação sanguínea. Come chegam ao coração, o fazem engrandecer, engrandecer, ate que explode. As crianças resistem pouco; nos adultos, a doença pode ficar latente por certo período: mas para todos a sorte é uma, a morte. Na tem nada a fazer. Vittorio é um dos rapazes da “Operação Mato Grosso”. São vinte e cinco, mais três moças. Eles vem da todas as partes da Itália, são todos com cerca vinte anos, mas tem também algum “ancião” com trinta anos. Estudantes, artesãos, operários, taxistas, operadores cinematográficos, médicos, donas do lar, um capitão de carreira também, vieram a Poxoro por ser pedreiros. Poxoreo é uma cidade de sete mil habitantes.

Encontra-se no Mato Grosso, a dois mil quilômetros da costa, em uma zona onde a selva virgem é rainha. Chega-se depois dias e dias de ônibus o jipe, rolando nas novas pistas traçadas enquanto do chão sobe uma impalpável poeira vermelha que te cerca como um abraço.

Quando se sai em tua volta tudo vermelho, com os olhos queimando e a boca completamente coberta de poeira. Pároco de Poxoreo, com quarenta mil “paroquianos” distribuídos por muitos quilômetros, é o missionário milanês padre Pietro Melesi, “Padre Pedro”, que aqui predica, trabalha, luta e sofre da doze anos. Padre Pedro tem um irmão sacerdote e muitos amigos no Instituto Salesiano de Arese (Milano). Vai aqui alguns seus testemunhos.

“Ontem vieram a me chamar para batizar uma criança. Fui logo, a mãe vinha da Aparecida do Leste”. Chegou com quatro filhos. Faltava o mais velho, de doze anos. “Osvaldo ficou em casa?” “Não, morreu de catapora”. “Teu marido ainda não voltou?” “Não tenho noticias, em maio foi no Batuví, a 300 km da casa.” “Quando, vai voltar?” “Amanha”. “Não pode ir. Todas as crianças estão doentes”. “Não posso ficar. Deixei a casa sozinha. Não tem porta.” “ Mas a tua casa tinha uma porta”. “Quando Osvaldo morreu não se sabia onde coloca-lo e tiraram a porta para fazer o caixão”.

Outro testemunho.

“Chegou um pobre homem. Percorreu 45km a pé com uma criança de dois anos e sete meses no colo, doente. Veio a procura de um médico e não achou”. Na mente dos amigos de Padre Pedro são presentes as palavras da Encíclica Populorum Progressio do papa Paulo VI “ninguém pode ficar indiferente a sorte dos seus irmos que vivem na miséria, na ignorância, vitimas da insegurança... A regra que valia um tempo em favor dos mais próximos, deve ser aplicada hoje em totalidade dos necessitados do mundo”. Deste ponto que nasceu a idéia de enviar voluntários, nas regiões mais pobres. Padre Ugo De Censi, o idealizador, começa a recolher jovens. Aqueles que objetam: “Mas a aqui tem miséria também: nos também estamos em miséria”, os da Operação Mato Grosso respondem: “Não digo mais de ser pobre porque sem sapato, a partir do momento que vi o outro sem pés”.

O grupo de voluntários se forma rapidamente; aqueles que ficaram sabendo da iniciativa pelo grupo de Arese se unem outros que leram noticia nos jornais: no fim tinha uns trinta jovens prontos a viajar. Alguns nomes: Lorenzo Albini, estudante universitário de Brescia, já participou de grupos de trabalhos por ajudar os refugiados na Alemanha e colaborou com as equipes que foram em Florença na época da inundação. Maria Adele Invernizzi filha de um dono de posada em Lecco. Mario Giudici, de Rho, pedreiro: ele quer por uma vez construir casas por pessoas que não sabem o que é uma casa. Antonio Leo, de Milano, cine operador na TV: filmará o historia da Operação Mato Grosso. Renato Rampini, estudante em engenharia a Florença: não é afilhado algumas associação religiosa, mas esta “procurando o lugar dele”. Marco Cavedon, estudante em física, substitui um amigo que deve cumprir com serviço militar. Stefano Zoccoli, de Reggio Calábria, diretor de uma empresa de acessórios elétricos, é casado: sua esposa aceita de cuidar da empresa enquanto ele esta lavorando no Brasil. Luciano Bassi, taxista de Milão, o tio dele é missionário entre os índios; por um ano o táxi dele foi um púlpito de propaganda, um ponto de parada por cem “providencias”. (ndr. Também Ângelo Costa). O compromisso de cada um é de pagar a própria viagem ao Brasil e trabalhar gratuitamente por um período mínimo de quatro meses na construção de uma escola, um consultório-enfermaria, algumas casas populares, uma igreja, um centro de recreação. Precisava “só” de achar o dinheiro para comprar materiais e para o sustento dos rapazes: cento e cinquenta pintores italianos entre os mais famosos ofertaram o que ganharam com a venda das pinturas, vários doadores fizeram doações generosas. No final de junho 28 jovens chegaram ao Brasil. Não pretendiam resolver os problemas; queriam somente amadurecer mais, crescer mais, se deixando envolver da pobreza dos habitantes de Poxoreo e trabalhar por eles.

A Miragem dos Diamantes.

Poxoreo se parece com uma cidadezinha no sul da Espanha o no nosso Sul. Casas baixas, vario tintas, ao lado da rua principal e algumas próximas, algumas lojas, alguns bares, a praça com a igreja. Aqui vivem os comerciantes, os artesãos, os proprietários dos garimpos. Mas em volta deste centro “civilizado” surgem dezenas de cabanas de barro com o teto de palha, onde moram os garimpeiros, homens e mulheres de todas as idades, brancos, pretos, mestiços, amarelos, vivem amontoados; pessoas sem futuro que teima de cavar a vida toda nas pedras e no barro com a esperança quase absurda de uma riqueza inatingível. Trabalham em pedaços de terra definida pelos proprietários do garimpo, das minas. Se acharem um diamante, deverão entregá-lo ao dono, que pagara a eles só o 30% do valor (tirando também o valor das despesas por o sustento do garimpeiro e família durante o tempo da garimpagem). Na melhor das hipóteses o garimpeiro terá trabalhado para pagar as dividas, e deverá recomeçar de novo a trabalhar e fazer novas dividas.

O que faz eles continuarem em esta profissão que os mata ainda novos é a esperança de encontrar a pedra maravilhosa capaz de dar a eles a riqueza. O talvez mais simplesmente a falta de alternativa: aqui não tem indústrias, pouco comercio nada de agricultura, só o mínimo indispensável para sobrevivência. Os mais fortes são aqueles que trabalham nas imensas fazendas onde se cria gado. Mas na maior parte dos casos são homens enterrados vivos. Talvez a salvação deles é de não perceber isso. Os da Operação Mato Grosso começam a trabalhar logo. Nos 17 mil metros quadrados que tem a disposição escavam, dobram ferro, pregam tabuas, preparam cimento, ergam pilares, guiam caminhão, descarregam toneladas.

Os primeiros a surgir são os muros da futura escola: um edifício de um só andar com mais 50 metros de comprimento, idealizado segundo as mais modernas concepções. Nas folgas do trabalho os jovens visitam a cidade guiados da Padre Pedro; as visitas servem para vencer o instintiva desconfiança dos índios. Costumados a ser explorados, maltratados, não conseguem ainda entender a posição, os fins, as intenções de estes estrangeiros vindos de muito longe. Mas a fazer o que? Aqui vão as primeiras impressões de Padre Bruno Ravasio, um dos padres de Arese, que seguiu o grupo:
“Falamos muitas vezes da igreja dos pobres, mas talvez falem mentiras. Aqui é a igreja dos miseráveis. Cada família é uma estória sempre diferente e sempre igual, porque todas ricas de miséria. Mesmo assim é gente boa, hospitaleira, que deseja quase esconder a própria indigência. Quando vai visitá-los gostaria oferecer alguma coisa um cafezinho, um doce. As vezes é difícil recusar e tem que fazer força com o próprio estomago. As mulheres envelhecidas antes do tempo e sempre com uma criança no colo, tem no rosto uma tristeza cheia de desconsolo. Crianças pelados,8 e 10 por cada família, com barriga grande, saírem de todos os cantos e vem a apertar a mão. Rostos lindos, olhos pretos e luminosos, narizes que nunca conheceram um lenço. Todos empoeirados e sujos, giram em volta respeitosos e divertidos. Mas nos sabemos que a subalimentação faz eles morrer e nos sentimos impotentes, pequenos de frente a eles. Com certeza o trabalho a se fazer é imenso. Precisa entrar na psicologia de estes infelizes, tentar de sacudimos da apatia deles, de dissuadirmos da cega procura do diamante em troca de um trabalho que possa garantir pelo menos o pão de cada dia, precisa impedir que na trágica aventura deles levam mulher e filhos.”

Dois flashes tirados de Roberto.

Deixo como confirmadas todas as qualidades de Padre Pedro, todo o trabalho que ele fez, a vida toda gasta com muito amor para sua gente, todas as coisas que com certeza algum amigo, que escreve melhor que eu, terá já escrito. Eu me limito a contar dois episódios pessoais:

Primeiro episodio: “Uma forma de queijo”

Quarta feira 3 de julho de 1968.
O navio Augustus tinha acabado de atracar no porto de Rio de Janeiro; eu, na cabine Nº. 379 que dividia com Luciano Bassi, estava guardando as minhas coisas; abri a porta do armário que deveria conter o colete salva-vidas, e peguei a forma de queijo de 9 kg. (que me entregou uma mãe) que nos últimos 15 dias de navegação tinha guardado ali, tirando o colete salva-vidas. A cabine se encheu de perfume de montanha; coloquei de volta o colete no lugar dele e me preparei a descer a escada que do navio leva (finalmente!) em terra firme: mochila nas costas e o queijo debaixo do braço. Não conhecia Padre Pedro, mas ele me reconheceu logo. Donde vinha um passageiro com uma mochila vermelha e uma forma de queijo debaixo do braço se não que da Valtellina!

Luciano depois viu Padre Pedro e foi um grande abraço. Assim o conheci eu também e foi logo um afeto recíproco! Não a caso falei do queijo, porque se revelou muito precioso para Padre Pedro dando a ele a oportunidade de conhecer uma família extraordinária que da muitos anos trabalha no Brasil; os irmos Comolatti vindos da Stazzona, Valtellina.

Andei a Stazzona antes de partir, e a mãe Comolatti me deu um par de meias de lã, feita por ela, e uma forma de queijo pedindo- me se podia levar para os filhos no Brasil. Deu-me endereço e numero de telefone em São Paolo... Padre Pedro ajudou-me a acha eles e logo percebemos da cortesia, da disponibilidade, da generosidade e do afeto de esta família.

Desde então nasceu uma grande amizade entre Padre Pedro e os Senhores Ersilia e Guido Comolatti, amizade que no futuro ajudou Irmã Silvia e muitos outros... Eles serão ponto de referência para muitos. Este é o motivo para o qual toda vez padre Pedro me diz: “Quanto foi precioso o teu queijo!”.

Segundo episodio: “As minhas prisões”.

7 de setembro de 1968. Independência do Brasil.

O que eu fiz? Usar bermudas durante o desfile! Não paro para descrever o encontro com os carcereiros e os momentos, primeiro ridículos, mas depois preocupantes que passei, mas devo dizer que em esta ocasião conhecei um Padre Pedro deferente, porque deixou de lado a sua doçura e com tom firme ameaçou de tirar todos os meninos do desfile se não fosse solto imediatamente “aquele rapaz italiano” da prisão. E foi solto! Na hora. Disso também devo ser agradecido a Padre Pedro.

Durante a minha ultima visita a Poxoreu em janeiro 2003, li na: “REVISTA DA CIDADE DE POXOREO” um artigo escrito da um médico que trabalha no Hospital, o Dr. Benjamin Benoni Martins Spadoni.

No artigo fala da sua vida, da sua família e de Poxoreu sua cidade natal. Transcrevo aqui um trecho:” como o povo amável, com o HOSPITAL SÃO JOAO BATISTA, cuja qualidade de primeiro mundo me impressionou e não só o Hospital em si, os equipamentos, mas também a cortesia dos funcionários, o amor aos doentes e especialmente essa figura cativante que é o Padre Pedro que quando morrer, certamente vão propor sua santificação”.

Obs. Se não fazem dele um santo...!
Relator: Roberto Bartesaghi.
Sondrio 13 de maio dos 2004.

Os sonhos de Padre Pedro

No fim de um intenso dia de trabalho, Pe. Pedro e eu estávamos em cima do forro fresco de cimento de uma das primeiras duas casas em construção a Paraíso do Leste para admirar de outro ângulo as pequenas casas do vilarejo, a igreja construída muitos anos atrás pelo Padre Domenico, mas castigada pelo tempo e o amplio espaço delimitado da um lado pela escola construída da expedição anterior dos 1968. Éramos felizes por estar concretizando o projeto da expedição dos 1969: a realização a Paraíso de uma estrutura habitável e de um centro de agregação em beneficio da comunidade local. No aquele tempo Paraíso não disponibilizava de alguma estrutura para assistência sanitária e era em desvantagem devida a localização geográfica, por estar distante e as estradas quase inexististes para poder chegar aos hospitais de Guiratingua e de Rondonópolis o aquele de Poxoreu. O por do sol tropical e as nuvens do céu coloridas de vermelho incentivava a admirar aquele cenário e trocar confidencias.

Em esta ocasião captei uma ideia de Pe. Pedro que parecia um sonho. Nós entardecemos discutindo de como dispor de uma assistência sanitária em um local tão isolado como aquele, pobre e sem possibilidade de ter a presença constante de médicos, se não for voluntários e por tempos limitados. Concordamos que a melhor solução podia ser de organizar uma unidade sanitária “mista”, conduzida em maneira permanente de enfermeiros especializados, em condições de prestar assistência com: uma sala parto, um pronto socorro, um consultório para dentista, um pequeno laboratório e alguns quartos para internações temporárias. Este projeto por pequeno que fosse pareceu ser um grande progresso considerando o que podia oferecer o sistema sanitário existente naquela época no Município de Poxoreo.

A unidade sanitária “mista” iria oferecer, então, seja uma assistência de base com visitas programadas de médicos especialistas que um serviço de transporte com ambulância, em casos de emergência e necessidade, ate hospital de Guiratinga, o melhor da região. A ideia pareceu realizável. A tenaz de Pe. Pedro no acreditar neste sonho fez mover pessoas e recursos e obteve o apoio financeiro do atual Governador do Mato Grosso Sr. Fragelli, o qual considerou a ideia como um possível modelo de assistência sanitária por os vilarejos isolados do estado. O sonho se realizou no verão de 1972 e talvez foi este sonho que gerou outro sonho de Pe. Pedro, que se tornou realidade, disponibilizar a cidade de Poxoreo de um verdadeiro hospital. Relator: Giancarlo Pireddu.

Uma praga grave quanto à fome.

Aos voluntários da primeira expedição, Pe Pedro pediu a construção de uma escola, não de uma igreja. Como São Francisco de Sales, disse que “ A ignorância é oitavo vicio capital” e é uma praga grave quanto a fome. A fome de instrução é deprimente e degradante para qualquer pessoa e sociedade.. A educação de base é o primeiro objetivo de um plano de desenvolvimento.

Quem aprende a ler, escrever, contar, volta a confiar em si mesmo, se relaciona com outros, descobre que se pode progredir junto, é criativo, pensa e projeta. As escolas construídas por Pe Pedro com ajuda de voluntários são oito. Poxoreo: Santa Teresinha, uma escola primaria; a escola do Centro Dom Bosco, projetada pelo arquiteto Delino Manzoni de Cortenova (Itália); a creche realizada da Dra. Edvige Dassi de Settimo Milanese (Itália), com seus amigos.

Paraíso: uma escola igual aquela do Centro Dom Bosco; uma creche. Jarudore:uma escola primaria; a escola de Arte Artesanal (cerâmica); uma escola de ensino médio. São muitos os meninos que, saíram das estas escolas, puderam chegar a níveis profissionais inesperados. Alem de construir escolas, Pe Pedro sempre deu aula de matemática e religião. Um voluntário escreveu no seu diário: “Construir junto foi uma verdadeira escola de vida: o trabalho em comum, a fadiga, a estima recíproca, a operacionalidade, desenvolveram em nos uma nova personalidade”.

Não só de pão o homem viverá.

O desenvolvimento de um povo não pode se reduzir no simples crescimento econômico. Um autentico desenvolvimento pessoal e coletivo deve ser completo, considerando o homem por inteiro a suas aspirações profundas e existenciais. Padre Pedro não aceitou de separar o econômico do humano, o desenvolvimento da civilização donde se encere. Convencido que “não só de pão o homem viverá” construiu “ a igreja” coração da comunidade.

A igreja é por Pe Pedro o lugar onde as pessoas, houve a Palavra de Deus, reflete junto em profundidade: procura um novo modo de ser pessoa, reencontra a si mesma, assume os grandes valores de amor, amizade, justiça, oração, contemplação, paz.

POXOREO: restaurou radicalmente a igreja da paróquia dedicada a São João Batista. A igreja dos Santos Reis construiu para cidade nova de Poxoreo alem do rio, no oeste. A capela Dom Bosco no Centro Juvenil recebe todos os domingos 1000 crianças: cantam celebram a Santa Missa, rezam; no final tomam café da amanha com um pão fresco com mortadela.

APARECIDA DOLESTE, vilarejo de 5000 habitantes; havia uma igreja de quatro paus, um teto com cobertura precária e um pneu como sino. Agora a uma igreja bela, simples, funcional, que une a comunidade em oração. É dedicada A Nossa Senhora Aparecida.

PARAISO DO LESTE. A igreja nova, dedicada ao padroeiro São Vincente de Paoli, a estrutura de um ovil como fala Jesus: “vão conduzir todos ao meu ovil” É muito bonita. JARUDORE construiu uma igreja dedicada a Nossa Senhora Assunta com torre cilíndrica.

No vilarejo novo do outro lado do rio construiu uma igreja dedicada a São Francisco de Assis. É de tijolos vermelhos sustentada de arcos. Encima do altar um crucifixo de bronze, obra de um detento no cárcere de São Vittore, Milão (Itália).

ALTO COITÉ: A igreja dedicada a Jesus Bom Pastor foi restaurada. Cada igreja contem obras de arte de grande valor artístico, as maiorias criadas pelo mestre Enrico Moroder Dos de Ortisei Val Gardena (Itália), que deixam os visitantes estupefatos, e com a vontade de dizer como o apostolo Pedro no Monte Sagrado: “Senhor. É bom estar aqui!”.